quarta-feira, 20 de agosto de 2008

HANDS ON

Texto interessante vale a pena ler até o final.
beijos
VOCÊ É HANDS ON?
(MaxGehringer / Colunista da Revista EXAME)
Vi um anúncio de emprego. A vaga era de Gestor de Atendimento Interno, nomeque agora se dá à Seção de Serviços Gerais. E a empresa exigia que osinteressados possuíssem - sem contar a formação superior -liderança,criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática,fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem HANDS ON. Para ofelizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía essavariada gama de habilidades, o salário era um assombro: 800 reais. Ou seja,um pitico.Não que esse fosse algum exemplo fora da realidade. Ao contrário,é quase o paradigma dos anúncios de emprego. A abundância de candidatospermite que as empresas levantem cada vez mais a altura da barra que opostulante terá de saltar para ser admitido. E muitos, de fato, saltam. Ese empolgam. E aí vêm as agruras da super-qualificação, que é uma espéciedo lado avesso do efeito pitico...Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tãobem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestorade atendimento interno. E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges,Gerente da Contabilidade.
Seu Borges: -- Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
Fabiana: -- In a hurry!
Seu Borges: -- Saúde.
Fabiana: -- Não, Seu Borges, isso quer dizer 'bem rapidinho'. É que eutenho fluência em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se aqui só se fala português?
Seu Borges: -- E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
Fabiana: -- O senhor não prefere que eu digitalize o relatório?Porque eu tenho profundos conhecimentos de informática.
Seu Borges: -- Não, não.. Cópias normais mesmo.
Fabiana: -- Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
Seu Borges: -- Fabiana, desse jeito não vai Dar!
Fabiana: -- E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
Seu Borges: -- Como assim?
Fabiana: -- É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. Econsidero isso um desperdício do meu potencial energético.
Seu Borges: -- Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias.
Fabiana: -- Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro...
Seu Borges: -- Futuro? Que futuro?
Fabiana: -- É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
Seu Borges: -- Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
Fabiana: -- Sei. Mas o senhor é hands on?
Seu Borges: -- Hã?
Fabiana: -- Hands on....Mão na massa.
Seu Borges: -- Claro que sou!
Fabiana: -- Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que euvou sair por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu fui contratada.

Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque nãotêm as qualificações requeridas.
2 - E o outro grupo,pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidosporque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderãousar nem metade delas, porque, nofundo, a função não precisava delas.Alguém ponderará -com justa razão - que a empresa está de olho no longo prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendopreparado para assumir responsabilidades cada vez maiores. Em uma empresaem que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um montão de gente super qualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a FundaçãoAlfred Nobel.
Pessoas super qualificadas não resolvem simples problemas!Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricase no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes doadvento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, oCleto, motorista da van. E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês,tinha informática, energia e criatividade e estava fazendopós-graduação.....só que não sabia nem abrir o capô.Duas horas depois,quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar omanual do proprietário, passou um sujeito de bicicleta. Para horror de todos, ele falava 'nóis vai' e coisas do gênero. Mas, em 2 minutos, paraespanto geral, botou a van para funcionar. Deram-lhe uns trocados, e elefoi embora feliz da vida.Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem asEmpresas modernas torcem o nariz:O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR!

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